A Alfabetização é um dos processos mais importantes da vida escolar. Despertar o gosto pela leitura e escrita não só de palavras, mas também de mundo permite que o estudante caminhe no processo de escolarização com autonomia e melhores desempenhos.
Mas, em um ano atípico como tem se desenhado 2020, os educadores das séries iniciais enfrentaram um desafio:
Como avançar em alfabetização e letramento longe dos estímulos de sala de aula, das rodas entre amigos e das construções coletivas?
Assim como outros segmentos, foi preciso adaptar e hoje falaremos sobre como a experiência de alfabetizar tem acontecido nas turmas do 1º ano, durante as aulas remotas do Certus.
Criando uma rotina de estudos em casa
Ao criar uma nova grade de estudos, respeitou-se o horário em que os estudantes já frequentavam as aulas presenciais para postar as atividades. “Isso oportunizou que as crianças mantivessem de alguma forma a rotina do dia a dia, mesmo em casa”, destaca Thais Pereira, coordenadora do Ensino Fundamental I.
Apesar do calendário sugerido pelo colégio, cada família pôde ajustá-lo à sua realidade, escolhendo o melhor horário para auxiliar o estudante nas atividades assíncronas (quando não há videochamada com o professor).
Seguindo o calendário proposto, as educadoras também adaptaram seu planejamento sentindo as necessidades de cada turma e as dificuldades individuais dos estudantes e famílias. “No início começamos ainda pausadamente, com poucos comandos diários. Pois só queríamos avançar quando o número de estudantes no Classroom e aulas síncronas (chamadas do Meet) estivesse maior, gerando mais estímulos e resultados”, explica Tatiane Evangelista, professora do 1º ano.
Como acontece no colégio
O Processo de alfabetização no 1º ano do Certus tem como foco principal o desenvolvimento da consciência fonológica através do método fônico, que já é privilegiado pelo Ministério da Educação (MEC) na política de alfabetização. Esse trabalho é iniciado na Educação Infantil com o Grupo 5 (Pré) e encerra-se no 2º ano do Ensino Fundamental I, formando assim o ciclo alfabetizador. A prática permite que o estudante conheça individualmente não só o nome da letra (grafema), mas também o som (fonema) que ela faz. Deste modo a alfabetização não ocorre pausadamente, limitando o vocabulário. Já que o estudante experimenta a leitura de uma forma mais ampla, com a ideia de associação entre fonemas e grafemas. Assim, ele aprende a ler toda e qualquer palavra.
Este método, adaptado ao ensino remoto, possibilita que os estudantes continuem seu ciclo de alfabetização, apesar do distanciamento físico.
Para que este objetivo seja alcançado, inúmeros recursos são usados nas propostas de atividades síncronas (durante as videochamadas com as professoras) e assíncronas (com o apoio dos familiares). Tudo para que os estudantes participem e assimilem os conteúdos. Músicas, brincadeiras, figuras e associações cotidianas promovem este engajamento.
“Quando o estudante precisa associar o som de uma letra a uma palavra ele vai sendo alfabetizado, quase que espontaneamente. Por exemplo, “f” tem o som de “ffff”. Ao ser interrogado sobre quais palavras tem este som fica muito mais fácil assimilar”, explica Maria Amorim, professora.
O erro como aprendizado
Os erros na construção da escrita são comuns e devem ser tratados com muito cuidado. “Pensando em um trabalho puramente fonético nosso exercício com alunos do 1º ano ainda não foca em questões gramaticais, por exemplo: um estudante escreve casa com z (CAZA), foneticamente está correto, ortograficamente não”, explica Tatiane Evangelista, professora.
Nesse processo não é muito importante a ortografia mas o processo dentro da consciência fonológica em que a criança está. Nessa faixa etária existem aulas que são direcionadas para o trabalho com a ortografia. Há o momento certo para esse desenvolvimento. É preciso respeitar as evoluções de cada criança dentro das hipóteses silábicas. Se o erro for apontado logo de imediato, desenvolve-se o medo no estudante em arriscar a escrita e a leitura.
Pensando por este lado, você pode se perguntar então, qual é o foco do método fônico de alfabetização?
A resposta, sem sombra de dúvidas, é o desenvolvimento da competência da leitura, e escrita autônoma e significativa, para que o estudante avance nas etapas a seu tempo e de uma forma muito mais leve. No entanto, isso não quer dizer, que durante as aulas remotas os pais e professores não devam pontuar quando o estudante escrever ortograficamente de forma incorreta. Porém esta pontuação deve ser feita de maneira que não desestimule a criança a escrever.
As educadoras propõem algumas dicas:
- Sem apagar ou interferir na produção do estudante, mostre a grafia correta da palavra. Por exemplo, CASA se escreve com “S”;
- Cole a palavra na parede, em um local de acesso da criança;
- Monte um painel de escritas novas;
- Estimule a leitura.
A ideia é fazer com que ao longo do tempo o estudante perceba o erro e ele mesmo faça as correções. É neste momento que a aprendizagem acontece. Entretanto este processo demanda tempo e paciência.
“Se a criança está iniciando, conhecendo o sistema, vamos com calma. Deixar uma escrita errada no caderno não é nenhuma infração grave, mas sim o registro de uma evolução significativa na vida daquele estudante”, explicam.
Por outro lado, se ele já está em uma hipótese avançada de escrita e comete erros, por falta de atenção ou até mesmo “preguiça”, o professor e a família devem sim pedir que ele mesmo apague e a faça novamente.