Os instrumentos de orientação e as harmonias do destino

Conhecer a relação entre a bússola, o astrolábio, a rosa dos ventos e GPS pode ajudar a definir o seu próximo passo.

Noções de orientação estão no cotidiano desde os tempos dos grandes exploradores.
Atravessar de um continente ao outro.
Cruzar mata-fechada – sem um ponto de vista do céu.
Perder-se em desertos escaldantes.
Consegue se imaginar nessa situação e pensar como chegar a algum lugar?
Alguém pensou…

Em aula, os estudantes dos 1ºs do Ensino Médio, experimentaram, na prática, como se orientar através dos pontos cardeais, tendo como base o nascer e o pôr do sol. Como explica Rafael Capistrano, professor de Geografia:

“Uma vez que o aluno consegue compreender o movimento de rotação da Terra e onde o Sol aparece pela manhã, fica fácil distinguir os pontos cardeais, basta ele lembrar que o raiar do sol irá acontecer sempre ao seu lado direito (no leste), e o pôr do sol, ao seu lado esquerdo (no oeste)”.

Com o domínio da noção do sentido do nascer e pôr do sol, o estudante saberá que o norte ficará à sua frente e o sul nas costas. Os instrumentos de localização (ou orientação, como preferir), facilitaram o deslocamento das pessoas. Foram desenvolvidos em distintos momentos da história da humanidade e são importantes na evolução das civilizações, dos meios de transporte e para a ocupação dos continentes.

“Nem sempre temos em nossas mãos tais dispositivos ou informações para orientação…”, menciona Rafael, e complementa: “Em áreas naturais como as grandes florestas, desertos e oceanos não há placas ou endereços para informar qual caminho se deve tomar. Aí entra o conhecimento de outros instrumentos, como a rosa dos ventos e a bússola”.

Além do horizonte, existe um lugar…

A tecnologia no ensino e na navegação

Com o recurso da tecnologia Nearpod, o professor de Geografia promoveu a interação de estudantes remotos com os presenciais facilitando o entendimento das noções de orientação: “A tecnologia fortalece muito o trabalho em sala de aula. Com a plataforma, uso da interatividade para obter as respostas através de post its virtuais somado ao material didático da Geekie One”, comenta Rafael.

Na educação, a tecnologia pode unir estudantes de diferentes locais para reconhecer e trocar dados em um aprendizado mútuo. Assim como as diversas pessoas, de distintas etnias, recorreram a hábitos antigos como artefatos ou teorias para locomover-se.

A grande maioria da população acaba dependente da internet ou do GPS. E, por muitas vezes, utilizamos desse dispositivo para chegar a um determinado lugar pela primeira vez. Mas, é importante termos conhecimento desses instrumentos e informações para saber qual caminho se deve tomar”,
Conclui o professor.

Aluna acompanha pelo Chromebook a interação da turma usando a plataforma Neardpod

Linha do tempo da integração dos instrumentos de orientação

Graças a inventores e navegadores de diferentes lugares do mundo – como chineses, árabes, italianos e uma austríaca –, os instrumentos de localização tornaram-se acessíveis às pessoas comuns. Mas qual a relação com as modernas ferramentas como Waze e Google Maps?

Para entender é preciso recorrer ao passado. Na ciência antiga, a invenção da bússola, datada de 2000 a.C. foi uma das formas que direcionou a rota por séculos, até ser aperfeiçoada pelos chineses, em 850 d.C., ao magnetizar agulhas de forma. No entanto, com o tempo desenvolveu-se um tipo extra, além das agulhas imantadas atraídas pelo norte magnético, como as bússolas solares (orientadas pelos pontos onde o sol se põe e nasce).

Por outro lado, o astrolábio – também um antigo item naval, criado a partir da junção de práticas de teorias matemáticas (como Geometria e Astronomia), de estudiosos do antigo Egito e Grécia, servia para direcionar destinos. Já a rosa-dos-ventos é atribuída a Aristóteles Timóstenes, piloto-mor da marinha de Ptolomeu II, rei do Egito em meados de 250 a.C. – embasada na representação gráfica dos quatro sentidos fundamentais dos ventos, que sopram ao longo de um período de tempo.

Quanto a origem do GPS, uma curiosidade. Em 1940, a austríaca Hedy Lamarr uniu o conhecimento de radiocomunicação, aprendido com o ex-marido Fritz Mandl, às diferentes frequências de longo alcance emitidas por cada tecla do piano, e supôs que seria aplicável nos espectros de comunicação militar.

Aprimorada por George Antheil, compositor com quem vivenciou a descoberta, a análise de Lamarr deu origem ao sistema “salto de frequência”, do qual as estações de radiocomunicação são programadas, usadas por navios e aviões para o envio e orientação de torpedos, e base para várias tecnologias atuais, aplicadas no GPS, Wi-fi e bluetooth.

Representação de Flavio Gioia, a quem a lenda atribuiu a invenção da bússola. Gravura da série Nova Reperta, por Giovanni Stradano. 1588-1600.

A LENDA DO INVENTOR. Representação de Flavio Gioia, a quem a lenda atribuiu a invenção da bússola. Gravura da série Nova Reperta, por Giovanni Stradano. 1588-1600. Fonte: National Geographic

Mas foi preciso que, em 1957, após o lançamento do Sputnik 1 (primeiro satélite artificial da história), pela União Soviética, uma equipe de cientistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology), estudassem o uso de satélites para a localização de pontos sobre a superfície terrestre.

Coordenados pelo Dr. Richard B. Kershner, (o cientista estuda as transmissões de rádio), e juntos descobrem como a frequência de sinal emitida pelo satélite artificial era mensurável conforme se aproxima da localização dos receptores no solo. A base do atual sistema GPS, cujo receptor no smartphone (que une as tecnologias dos antigos instrumentos de navegação), identifica pontos geográficos, localização, taxa de velocidade e altitude, medindo o tempo que leva para receber sinais de satélites no espaço.

Ou seja, sinais de longa distância, os mesmos percebidos outrora por Hedy Lammar, inspirada pelo som do piano. Ao tocar, associou o som de cada tecla às frequências de longo alcance diferentes que se alternam rapidamente na música relacionadas a da radiocomunicação. Ou seja, as harmonias do destino.

Essa publicação foi escrita em parceria com o depoimento do professor Rafael Capistrano (@prof.rafagarcia) – Graduado com Licenciatura em Geografia, História e Filosofia..

Stalkei aqui:

A invenção da bússola >> Construa seu astrolábio (En) >> A simbologia e os diferentes nomes de cada ponto das rosa dos ventos >> Como o piano fez a invenção do GPS

Outros de interesse:

>> Saiba como uma mulher chamada Hipátia se tornou importante para os fundamentos da matemática (documentário em inglês).

>> A montanha e a história do GPS.

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