Obra inspira encenação do Grupo TECER, produzida em conjunto com o Balaio de Leitura Itinerante, para alunos do 9° ano.
Publicado em 1938, Vidas Secas de Graciliano Ramos é um clássico da literatura brasileira. O livro – escrito na terceira pessoa – aborda a pobreza e as dificuldades do retirante nordestino em suas tentativas de fugir da seca do sertão.
O paradidático é uma leitura proposta para as turmas do 9° ano.
Para escrever Vidas Secas, Graciliano Ramos utilizou o repertório pessoal e as lembranças de sua infância. A narrativa envolvente e moderna transformou o pai de família Fabiano e a cadela Baleia em personagens inesquecíveis.
Muitos críticos atribuem o sucesso de Vidas Secas, à atemporalidade da desigualdade social relatada. Seca, fome, opressão e abusos da classe dominante, são alguns exemplos citados nesta narrativa.
O protagonista foi desumanizado pela seca, desprovido de estudo e raciocínio reflexivo. Desta forma, sentia-se bem apenas diante dos animais e, mais do que isso, confundia-se com eles. Assim Graciliano Ramos incomoda o leitor a buscar criticidade.
“Fabiano personifica a imagem de muitos indivíduos nos grandes centros urbanos. Sua pobreza vocabular, a grande dificuldade em raciocinar, a incapacidade de compreender as forças que o dominam e determinam sua existência são características de muitos brasileiros anônimos. Fabiano era desprovido de “linguagem”, por isso não conseguia pensar com autonomia, não conseguia perceber as forças que o subjugavam, que o condenavam a uma vida de miséria. Em uma passagem, ele percebe que o patrão lhe enganara em seu salário. Sente-se injustiçado e impotente, pois não sabe fazer contas. Nesse sentido relaciona a linguagem a poderes mágicos, que só os homens “sabidos” podem ter. A pobreza vocabular de Fabiano impedia-o de compreender sua exploração.
Linguagem é essencial na vida dos seres humanos. O homem sem linguagem torna-se um primitivo, torna-se um animal. Fabiano era um animal. Ser desprovido dos benefícios da linguagem é parte da miséria humana e ajuda a perpetuá-la. A miséria nasce da ignorância”.
Michel Aires de Souza
Ficha Técnica:
Elenco: Thiago Amorim, Giovanna Beiro, Giulia Dahouk, Juliana Dahouk, Gustavo Viana.
Adaptação e Direção: Gustavo Viana
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